Os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) concluíram o sequenciamento do genoma do vírus responsável pelo atual surto da febre amarela no país. Pela análise, foram localizadas variações em algumas sequências genéticas. Não havia registro anterior das mutações na literatura científica mundial. A informação é do ‘G1’.
No que diz respeito aos impactos que a nova mutação poderia trazer para a vacina que está disponível e sendo usada no Brasil, os cientistas explicam que a atual vacina protege dos diferentes genótipos do vírus, inclusive o americano e africano. Eles afirmam ainda que as alterações encontradas no estudo não afetam as proteínas do envelope do vírus – estas, centrais para funcionamento da vacina.
Segundo os pesquisadores, os impactos da descoberta da mutação ainda precisam ser investigados e sugerem mais análises de amostras de outros lugares do Brasil, com a coleta do vírus em humanos, mosquitos e macacos. Os resultados da pesquisa foram encaminhados da Fiocruz para o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, do Ministério da Saúde.
A instituição informou ao ‘G1’, em complemento à pesquisa, que os dados de outra amostra, que ainda não foram divulgados, também indicam os mesmos resultados. As pesquisas, segundo o ministério, a situação de febre amarela no país tem “lacunas de entendimento sobre a dinâmica de dispersão”. Em último boletim, do MS, foram confirmados 756 casos no país, com 259 mortes devido à infecção.
A doença
A febre amarela é uma arbovirose, ou seja, uma doença transmitida somente por meio de picadas de insetos, não havendo outro meio de transmissão. Ela pode ser adquirida de duas maneiras, o que define os “tipos” da doença, silvestre ou urbana.
A Febre Amarela Urbana não acontece no Brasil desde 1942. Ela é caracterizada pela transmissão do vírus através do Aedes aegypti, o mesmo da dengue e da zika. O Aedes pica um humano doente, e depois pica um humano saudável, transmitindo o vírus.
Já a Febre Amarela Silvestre, a do surto recente, é transmitida através de outros mosquitos, dos gêneros Haemagogus ou Sabethes. Estes mosquitos não andam em meio urbano, por isso que esse tipo de febre amarela acontece nas zonas rurais, em matas ou na beira de rios. Apesar desses mosquitos picarem humanos, é mais comum que eles piquem animais, como macacos.
Sintomas
Segundo o infectologista Alfredo Passalacqua, quem contrai vírus da febre amarela não costuma apresentar sintomas ou, quando aparecem, são muito fracos. “As primeiras manifestações da doença apresentam-se com febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e muscular. Apresentam também náuseas e vômitos por cerca de três dias e, em sua forma mais grave, após um pequeno período de melhora, reaparecem sintomas de quadros de insuficiências hepática e renal, olhos e pele amarelados (icterícia) e manifestações hemorrágicas”, detalha.