Por: Elis Tanajura
Nesta segunda-feira (15), é celebrado o centenário de Francisco Tanajura Machado, conhecido como Seu Zio ou ainda Faraó do Sertão. O ex-comerciante e fazendeiro ficou famoso por ter construído um túmulo faraônico no sertão baiano, em Livramento de Nossa Senhora (BA).
Com mais de 20 mil quilos de cristais, a construção mede 25 metros de altura e tem vários andares decorados com pedras, fotos e documentos sobre a família e a região. O imponente mausoléu é situado no Cemitério Municipal de Livramento.
Por seu desejo, ele foi mumificado e enterrado em pé no subsolo do monumento, logo após o seu falecimento em 31 de janeiro de 2017. “Estou fazendo para a posteridade. Para que a nossa civilização atual seja lembrada daqui a milhares e milhares de anos”, declarou Seu Zio sobre a construção, em matéria do Fantástico, em 2011.
Nascido em 15 de julho de 1919, filho de Alfredo de Souza Machado e Ester Bela Tanajura Machado, ele foi tropeiro, comerciante, caminhoneiro, vereador, vendedor de pedras preciosas e fazendeiro. Cresceu trabalhando na lavoura do pai, como cortador de cana, carreiro e agricultor.
Aos 21 anos, ganhou o mundo. Foi trabalhar como tropeiro, comerciante ambulante e garimpeiro em diversas regiões do país. Vendia esteira de palha, fumo, mudas de coco, artesanato, cereais, dentre outras coisas.
Depois, em 1944, retornou a Livramento, onde continuou trabalhando no comércio. Em 1947, montou a “Loja do Compadre”, vendendo tecidos, louças, vidros, brinquedos, roupas, artigos de armarinho e outros artefatos. Também se dedicou ao minério e à pesquisa sobre as riquezas minerais da região, como cristal de rocha, cobre, ferro e manganês.
Em 1949, casou-se com a sua prima Maria do Carmo Tanajura, com quem teve 11 filhos, 18 netos e 6 bisnetos. Em 2009, eles completaram Bodas de Diamante pelos seus 60 anos de casamento. Os dois viveram juntos até o seu falecimento.
Participante ativo da vida política, social e cultural da cidade, Zio Machado fundou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Livramento. Foi também vereador, secretário da Câmara Municipal, delegado de polícia, adjunto do promotor de justiça, dentre outros cargos.
Ajudou ainda a fundar diversas organizações sociais e políticas, como a Sociedade dos Trabalhadores de Livramento e o Clube de Campo Caiçara. Foi membro influente da Maçonaria, auxiliando na construção de unidades da Loja Maçônica na região e chegando ao cargo de Venerável Mestre. Por sua atuação, foi homenageado com a Comenda 2 de Julho pela Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia.
Também valorizava a educação. Colaborou na criação do Colégio João Villas-Boas, onde veio a estudar o Curso Básico e, não satisfeito, formou-se em Contabilidade, por correspondência. Chegou a publicar dois livros, “Você quer ser feliz?”, com conselhos sobre a vida, e “Minhas andanças”, em que conta um pouco sobre a história da sua vida.
Além da sepultura para a família no subsolo, a torre tem seis pisos superiores com fotos e documentos históricos da família e do município, arquivos de moedas brasileiras antigas desde a época do Brasil colonial, imagens de santos e outros ícones religiosos, espaço para meditação e mirante. Do alto, é possível ver a cidade e as serras que circundam o município.