O rotativo do cartão de crédito é acionado quando o consumidor paga menos que o valor integral da fatura mensal. Com a taxa mais alta entre as modalidades de crédito, fechando dezembro passado em 431,4% ao ano, de acordo com o Banco Central (BC), o rotativo é usado para emergências pontuais. No entanto, se o pagamento mínimo (20%, em média) fosse adotado todos os meses, de quanto seria a dívida ao fim do ano?
De acordo com uma simulação do iG, em dezembro a dívida de uma pessoa com faturas mensais de R$ 1 mil chegaria a R$ 6.890,94. É um aumento de 689%, de quase sete vezes, causado pelo efeito de juros sobre juros e incidência de impostos. Na situação hipotética, a taxa anual medida em dezembro foi diluída entre os meses (14,93%) e, no cálculo de juros, foi incluída a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 0,65%, em cima de todos os valores mensais remanescentes.
A simulação foi realizada sem levar em consideração um eventual limite do cartão de crédito, que barraria as operações de acordo com que fosse gradativamente reduzido até chegar a zero – bem antes de atingir dezembro, provavelmente. Os juros de mora (2%) e os encargos decorrentes pelo atraso (1%) também foram deixados de fora. “Quando é feito o pagamento mínimo, não há incidência de mora e outros encargos por atraso. Isso porque é permitido que o consumidor pague o mínimo”, explica o economista e matemático José Dutra Vieira Sobrinho.
Ao fim de fevereiro, a fatura inicial de R$ 1 mil se transforma em uma conta já de R$ 1.778,58. A quantia é resultado da incidência de 15,56% de juros sobre os R$ 800 restantes da primeira fatura, do acréscimo de R$ 1 mil dos gastos correntes do mês e de um novo pagamento mínimo, desta vez não mais de R$ 200, mas de R$ 385,90. “O efeito de aumento na parcela mínima é outro fator, que vira uma bola de neve”, acrescenta Dutra.
Negociação
Administradoras de cartões e instituições financeiras não são obrigadas a parcelar o débito do cartão de crédito. A dívida decorrente dos valores em aberto nas faturas após o vencimento serão cobrados até que o consumidor a quite. No entanto, altas quantias abrem brechas para boas negociações. “O ideal é não entrar no rotativo. Mas, se a situação apertar, é possível conseguir reduzir bastante o valor com o banco. Passado um tempo, uma dívida de R$ 20 mil pode ser resolvida com um pagamento de R$ 2 mil, por exemplo. O banco vai preferir receber alguma quantia do que continuar com um inadimplente”, diz o especialista.
A inadimplência do rotativo é a mais alta entre as modalidades de empréstimos para pessoas físicas. De acordo com o Banco Central, em setembro do ano passado a taxa de maus pagadores – aqueles que mantêm atrasados acima de 90 dias – ficou em 38,9%, a mais alta desde janeiro de 2012 (38,3%).Fonte Tribuna da Bahia