Uma pesquisa realizada por meio de uma parceria a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Hospital São Rafael (HSR) com a colaboração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o Zika vírus é capaz de destruir as células tronco neurais nos primeiros três meses de gestação. Os resultados do estudo realizados por pesquisadores baianos estão em fase final e serão publicados na revista Cell Reports.
De acordo com o médico pesquisador, Bruno Solano, a meta é descobrir como esse processo acontece e identificar formas de bloqueio da ação do vírus por meio de compostos diversos como vacinas e medicações. “O que sabemos é que as células tronco neurais imaturas não conseguem resistir ao vírus e morrem rapidamente, mas o mesmo não acontece com os neurônios formados que conseguem sobreviver sem maiores danos”, diz.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores simularam, em laboratório, o desenvolvimento do cérebro humano e introduziram o vírus nas diversas fases do crescimento. “O primeiro passo foi dado e queremos descobrir o que acontece e por que acontece, depois partiremos para o enfrentamento”, comemora o médico, ressaltando que muito ainda precisa ser feito para se estabelecer um panorama confiável da cepa do Zika vírus que atua no Brasil, nas Américas e na Polinésia francesa.
“O que sabemos é que sorotipo brasileiro não tem as mesmas características do encontrado em países africanos”, acrescenta, lembrando que, no caso local, os vírus têm um potencial de destruição bem maior que o parente africano.
CDC
Vale salientar que no último dia 13, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos confirmou a relação entre o Zika e a microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo vírus.
O CDC é parceiro do Brasil nas investigações, como parte do esforço mundial para as descobertas relacionadas ao tema e o estudo norte americano realizou uma revisão rigorosa das evidências que correlacionam o Zika, a microcefalia e outros danos cerebrais identificados em fetos.
O Brasil, que é pioneiro no estudo do vírus Zika associado à microcefalia. A pesquisa baiana que relaciona o Zika e a destruição das células tronco neurais tem a presença do virologista Gúbio Soares que, no ano passado, descobriu a infecção no País.
O trabalho do CDC volta a reforçar que nem toda mulher que for infectada pelo vírus durante a gravidez dará à luz um bebê com microcefalia. O neurologista e Chefe da Clínica Médica do Hospital Roberto Santos, Daniel Farias reforça o achado das pesquisas, destacando o potencial do Zika vírus em destruir os neurônios durante o seu processo de desenvolvimento, mas salienta que o impacto do vírus é menor em células mais maduras e nos adultos.
O médico salienta que nem a Síndrome de Guillain Barré e nem os casos de outras complicações neurológicas, como a encefalite e a mielite, são causados diretamente pelo vírus, mas ocorrem em virtude do fato do sistema imunológico atacar o agressor e o próprio organismo ao mesmo tempo.
“Essas complicações decorrentes do Zika possuem o caráter autoimune e costumam regredir depois que o tratamento é iniciado”, explica o médico. No caso da Guillain Barré, a incidência gira em torno de um a quatro acometidos para cada 100 mil habitantes.Fonte correio 24h