A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa os bancos médios, com forte atuação no segmento de crédito consignado, confirma a suspensão das concessões desse tipo de empréstimos a servidores de estados que deixaram de pagar as parcelas dos funcionários e diz que está em negociação com esses governos para regularizar a situação. Por isso, explica a ABBC, as instituições associadas ainda não recorreram à Justiça.
Não por acaso, o funcionalismo público detém a maior parcela dos empréstimos consignados do país. De um saldo de R$ 286 bilhões, em agosto passado, segundo dados do Banco Central, estão nas mãos dos servidores (federais, estaduais e municipais) R$ 171,2 bilhões, ou 59,7% do total. Nos últimos 12 meses, o saldo do consignado a servidores públicos cresceu 3,4%, enquanto no ano o avanço é de 1,3%.
Os empréstimos consignados a pensionistas do INSS somam R$ 96,7 bilhões, cerca de 34% do total do estoque, e registraram crescimento de 13,4% em 12 meses até agosto. Já o consignado a empregados do setor privado, cujas operações representam apenas 6,3% do total, ou R$ 18,06 bilhões, apresentou recuo de 6,9% no mesmo período, um claro reflexo do temor da perda do emprego.
Ao lado dos financiamentos imobiliários, o consignado é uma das modalidades de empréstimo que tem crescido, mesmo em um cenário de retração da oferta de crédito em geral pelos bancos — justamente por ser uma linha com juros mais baixos (2,16% ao mês na média) e que oferece menor risco às instituições financeiras.(G1)