Se em nível nacional a greve dos bancários está grande, na Bahia ela está especialmente forte: mais de 900 das cerca de 1.100 agências do estado estão paralisadas. Segundo o dado mais atualizado da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), 8.763 das 23.110 mil agências do país já aderiram ao protesto.
Por Juliana Cunha
Para Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, aadesão se explica pela gravidade da proposta patronal: “A oferta dos bancos sequer cobre a inflação, é descabida em um contexto em que, só no primeiro semestre de 2015, eles lucraram 36 bilhões. No mesmo período, reduziram 7 mil postos de trabalho”, argumenta.
O sindicalista afirma que a categoria buscou evitar a greve. Só na Bahia, foram feitas 204 manifestações em agências bancárias nos meses que antecederam a paralisação. “A greve é um mecanismo poderoso, mas traz consequências para os trabalhadores e para a sociedade. Nosso objetivo é sempre evitá-la, porém os bancos não quiseram negociar, como não querem até agora, embora o comando nacional dos bancários esteja à disposição”, explica.
Se nos bancos privados há ameaça de demissão para os grevistas, os bancos públicos procuram punir os trabalhadores com o chamado “descomissionamento”, que acarreta em perda salarial. “São tentativas de inibir a participação dos colegas que não têm funcionado, mas que buscam minar o direito à greve”, diz o sindicalista.
Pautas da greve
A categoria reivindica reajuste salarial de 16% (reposição da inflação mais 5,7% de aumento real), participação nos lucros, piso salarial e vale-refeição maiores e fim das metas abusivas. A proposta inicial dos patrões, no entanto, oferece reajuste de 5,5%, o que representa perda de 4% diante da inflação, e um abono de R$ 2,5 mil sobre o qual incide imposto de renda e INSS e que não conta nos cálculos do FGTS, 13º salário e aposentadoria.
Além do reajuste salarial, os bancários pedem aumento da segurança das agências, fim do assédio moral e redução de juros e tarifas bancárias, que foram elevadas a um patamar oito vezes acima da inflação nos últimos dois anos.
Do P V