Milhares de crianças são separadas de seus familiares e acabam como soldados, forçados a se defender | |
São Paulo, 20 de setembro de 2017 – Amanhã, 21 de Setembro, se comemora o Dia Internacional da Paz. E apesar disso, segundo a ONG Visão Mundial – que atua na assistência de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social ao redor do mundo – este é o momento para os líderes das nações transformarem suas palavras em ação, já que o número de crianças que lutam em grupos armados cresce a cada dia. Segundo Chris Derksen-Hiebert, diretor de relações exteriores da Visão Mundial, o problema é alarmante. “Mais de um quarto das crianças de todo o mundo vivem em países afetados por conflitos, crises e desastres. Este cenário aumenta o número de crianças que são apanhadas no fogo cruzado e forçadas a lutar em guerras, testemunhando e experienciando todas as formas de violência imagináveis. Neste Dia Internacional da Paz, precisamos que os líderes das nações se comprometam a melhorar as condições de vida desses jovens.” Milhares de crianças são separadas de seus pais e acabam em campos de refugiados, forçados a se defenderem. Ainda segundo Chris Derksen-Hiebert, os jovens da região do Sudão estão entre os mais afetados. “Muitas crianças que vivem na região do Sudão viram suas famílias mortas e fugiram do país”. John, de 12 anos, refugiado de guerra em Uganda, comenta os horrores que testemunhou. “Eu tinha que pular os cadáveres; eles estavam espalhados. Havia carros em chamas e outros não paravam de atirar. Tive que correr para salvar minha vida. As crianças estavam machucadas e sangrando. Alguns tiveram seus membros cortados. Perdi a conta do número de pessoas mortas… Consigo vê-los em meus sonhos às vezes.” Enquanto isso, no Curdistão, região do Iraque, os meninos e meninas que fugiram de Mosul, na Síria, estão profundamente traumatizados, porém não há financiamento suficiente para o custeio de programas de assistência psicológica e muito menos para a reconstrução da região devastada pela guerra. “Nossos voluntários estão lidando com jovens forçadas a se casarem com combatentes do grupo extremista Estado Islâmico ou aprisionadas para servirem como escravas sexuais. Recentemente, encontramos uma garotinha de 5 anos que sofria de estresse pós-traumático, após presenciar o assassinato e estupro de membros da sua família. Por diversas vezes, ela tentava cavar buracos para se enterrar e gritava de pavor se alguém a tocasse”, diz Ian Dawes, gerente de respostas a conflitos da Visão Mundial no Iraque. O chocante nesta situação é o fato de adultos forçarem crianças a lutarem em conflitos armados; de acordo com as Nações Unidas, o número de jovens usados como soldados no Oriente Médio e Norte da África dobrou no ano passado. Acredita-se, agora, que as crianças representam 60% dos membros de milícias na região de Kasai, na República Democrática do Congo. “Essas crianças são usadas como soldados, espiões, terroristas suicidas e escudos humanos. Eles não têm escolha. É matar ou ser morto”, afirma Chris Derksen Hiebert. “O objetivo do tratado 16.2 de Desenvolvimento Sustentável – que busca o fim da exploração e violência contra crianças, foi uma promessa de melhora. Existem trabalhos incríveis que buscam atingir os pontos do tratado, porém todos nós devemos unir forças para alcançar este objetivo até 2030. A comunidade internacional precisa redobrar os esforços para proteger as crianças e ajudar a negociar a paz onde mais é necessário.” Sudão Iraque Como parte dos programas de proteção infantil da Visão Mundial, os voluntários identificam as crianças mais vulneráveis nos campos e encaminham para os assistentes sociais da ONG, que oferecem suporte psicossocial e conectam as crianças com outros serviços, como médicos especialistas que podem ajudá-las no processo de recuperação. Além disso, a organização ajuda a identificar as crianças não acompanhadas ou separadas de suas famílias. República Democrática do Congo Desde que a violência entrou em estado calamitoso na região de Kasai, a Visão Mundial busca impactar mais de 146 mil pessoas na região, bem como os refugiados que fugiram para Angola. As intervenções iniciais se concentram em alimentos e proteção infantil. Em parceria com o Programa Mundial de Alimentos, foram distribuídos alimentos para mais de 28.000 pessoas – estas são as primeiras distribuições de alimentos na região desde a crise. Também está sendo planejado alimentar mais 120 mil pessoas até dezembro, além da abertura de seis Espaços Amigáveis para crianças, distribuições de bolsas com suprimentos escolares e intervenções educacionais que irão atingir mais de 30 mil crianças afetadas pelo conflito. | |
Sobre a Visão Mundial Maior ONG humanitária do mundo, a Visão Mundial Brasil integra a parceria World Vision International, que está presente em cerca de 100 países. No País, a Visão Mundial atua desde 1975 em 10 estados, beneficiando 2,7 milhões de pessoas com projetos nas áreas de educação, saúde/proteção da infância, desenvolvimento econômico e promoção da cidadania. Seus projetos e programas têm como prioridade as crianças e adolescentes que vivem em comunidades empobrecidas e em situação de vulnerabilidade. Mais de 80 mil crianças são atendidas anualmente pela organização. Nesses 40 anos de atuação no Brasil, a Visão Mundial se consolida como uma organização comprometida com a superação da pobreza e da exclusão social – visaomundial.org.br |