Economia perde ritmo e deve ter desempenho fraco neste ano, dizem analistas

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Foto: Pexels

Por: G1

O desempenho esperado para a economia neste ano deve frustrar as expectativas mais otimistas. Se no fim de 2018 uma parte das projeções indicava um crescimento de 3% em 2019, por ora, está se consolidando a avaliação entre os analistas de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve avançar apenas 2% depois dos últimos indicadores divulgados.

A safra dos números do fim de 2018 revelou uma perda de ritmo da economia e um desempenho mais fraco da atividade do que o esperado para boa parte dos analistas. E essa decepção ocorreu em todos os setores: no varejo, no serviços e, sobretudo, na indústria. O resultado do mercado de trabalho também foi considerado fraco. No ano passado, a taxa média de desocupação foi de 12,3%, pouco inferior aos 12,7% de 2017.

Na esteira desses números, nos últimos dias, bancos e consultorias começaram a revisar para baixo a previsão para o PIB de 2018 e deste ano.

Embora os dados decepcionantes tenham sido colhidos no fim do ano passado, a revisão no cenário de 2019 se dá pelo chamado carrego estatístico, a influência que o fraco desempenho econômico do ano passado vai exercer sobre a atividade em 2019.

“Creio que haverá revisões gerais para quem estava mais otimista antes”, afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

Na semana passada, o banco Itaú reduziu a previsão de crescimento de 1,3% para 1,1% para 2018 e baixou a projeção deste ano de 2,5% para 2%. O Santander ainda projeta crescimento de 1,3% e 3%, respectivamente, mas já vê coloca viés de baixa nesses números. Já banco Fator estima avanço de 2% em 2019 – antes previa alta de 2,8%.

A prévia do Banco Central, o IBC-Br, indicou um crescimento de 1,15% no ano passado. Nesta segunda-feira, o boletim Focus, do BC, mostrou que o mercado reduziu de 2,5% para 2,48% a expectativa de alta para o PIB deste ano. Os dados oficiais serão divulgados pelo IBGE em 28 de fevereiro.

“Eu acho que claramente que o fim do ano teve cara de fim de feira. A economia perdeu o ímpeto”, afirma o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Lenta retomada
Maioria dos bancos e consultorias estima crescimento de próximo a 2% em 2019; dados em %
1,91,922222,32,32,32,3334ETendêncaisBanco ItaúMB AssociadosMacroSectorBanco Santander00,511,522,533,5
Fonte: Bancos e consultorias

A piora das projeções para a economia ocorre mesmo com o avanço da confiança entre consumidores e empresários e a avaliação, entre economistas, de que o governo de Jair Bolsonaro vai ser capaz de levar aprovar a reforma da Previdência, considerada fundamental para que os investidores mantenham confiança na trajetória das contas públicas do país.

Indústria, a vilã

O cenário dos economistas começou a mudar com o resultado da indústria. Em 2018, a produção do setor encerrou com alta de 1,1%, uma desaceleração em relação a 2017, quando cresceu 2,5%. “Houve uma frustração forte na indústria de transformação por causa da crise na Argentina”, diz Giulia Coelho, economista da consultoria 4E. Com os dados de dezembro, ela revisou a projeção de PIB deste ano para 1,9%, de 2,3%.

A Argentina é o principal destino do produtos manufaturados do País. No setor automotivo, tradicionalmente, o país vizinho era responsável por cerca de 70% das exportações. Em janeiro deste ano, no entanto, essa fatia caiu para 56% por causa da crise local.

A perda de participação argentina nas exportações fica evidente pela queda de unidades vendidas. Em janeiro de 2018, foram exportadas 30,8 mil unidades para o país vizinho. No mês passado, apenas 15,6 mil unidades foram vendidas. “Houve um efeito da Argentina importante, mas não dá para falar que foi só isso. Outras linhas (da indústria) mostraram uma perda de tração, em especial no último trimestre”, diz a economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro.

Com o resultado da indústria, a Tendências, que espera esperava uma estabilidade do PIB no quarto trimestre, passou a prever uma ligeira queda da atividade nos últimos três meses do ano. “Além da indústria de transformação, a construção civil decepcionou. Isso está puxando a nossa revisão”, afirma Alessandra.

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