A presidente Dilma Rousseff (PT) não escondeu o abatimento quando viu as traições na votação da Câmara dos Deputados que autorizou, no domingo (17), a abertura do processo de impeachment. “Foi como uma faca no meu peito”, disse, no Palácio da Alvorada.
Dilma acompanhou a votação na Sala dos Estados do Alvorada, ao lado da Biblioteca. Estava acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de vários ministros, segundo informou o Estadão.
Ela disse ter ficado “chocada” com o voto do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a favor do impeachment. Ribeiro foi ministro das Cidades. Outros ex-ministros, como os deputados Mauro Lopes (PMDB) e Alfredo Nascimento (PR), também apoiaram o afastamento da presidente. Dilma também mostrou inconformismo com o fato de o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), terem “virado as costas” para ela no último minuto.
Em conversas reservadas, ministros disseram que foi “um erro” o governo ter deixado a reforma ministerial para depois da votação na Câmara. Na avaliação de auxiliares de Dilma, o fato abriu caminho para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) investir sobre os deputados de vários partidos aliados e prometer “benesses”.
O “núcleo duro” do governo também ficou indignado com o fato de ter recebido apenas oito votos do PMDB, que tem uma bancada de 67 deputados e, apesar do rompimento com Dilma, ainda ocupa ministérios. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), prometia entregar à presidente cerca de 20 votos contrários à sua deposição. Fonte Bahia Econômica