Futuro de Lula dependerá de Dilma, avalia petista

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Um aspecto curioso chamou a atenção de pessoas que conversaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana. Embora tenha entrado na mira da Operação Lava Jato e do Ministério Público Estadual por causa de um apartamento tríplex no Guarujá, Lula só falava de economia, principalmente das expectativas quanto à reunião da presidente Dilma Rousseff com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, realizada na sexta-feira (29).

A alguns destes interlocutores Lula explicou o motivo da fixação com a economia. Ciente dos danos que as suspeitas de envolvimento com empresas investigadas na Lava Jato têm causado à sua imagem, o petista só vê chance de recuperar a reputação em curto ou médio prazo se Dilma corrigir o rumo da economia e chegar ao fim de seu mandato com índices razoáveis de aprovação. Nas palavras de um aliado, “Lula agora está nas mãos da Dilma”.

O entorno de Lula avalia que tanto o ex-presidente quanto o PT estão de mãos atadas diante da ofensiva da Lava Jato e do MP paulista contra o petista. A decisão de abrir mão do tríplex no Guarujá seguiu orientações jurídicas e, no entender de assessores do ex-presidente, é absolutamente legal. O PT, por sua vez, não pode fazer mais do que manifestar publicamente solidariedade ao ex-presidente diante do que considera como “agressões”, mas não tem poder real para interferir no processo.

Segundo pessoas próximas, ele sabe que Dilma vê na Lava Jato a possibilidade de deixar uma marca positiva de seu governo e não está disposto a cruzar esta fronteira. Aliados de Lula empenhados em reverter a situação esbarram em outra barreira: tanto o apartamento do Guarujá quanto o sítio usado pelo petista em Atibaia, cuja reforma teria sido paga pela Odebrecht, são assuntos estritamente pessoais, que nada tem a ver com questões partidárias ou governamentais como foi, por exemplo, o mensalão. Isso aumenta a dificuldade para abordar os temas.

Lula e boa parte do PT admitem em conversas reservadas que Dilma não “aprendeu a governar” e ainda age como ministra. Por isso a fixação do ex-presidente com a reunião do Conselhão. Para Lula, seria a chance de Dilma para dar uma guinada na política econômica e aproveitar o arrefecimento do pedido de impeachment para tirar o governo do atoleiro e chegar em 2018 em condições de permitir a Lula possibilidades de voltar ao Palácio do Planalto. Em conversa recente, o petista teria dito a Dilma que ela “precisa ser a presidente e não a ministra”. Fonte Estadão

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