Apontado pelo procurador da República Ivan Cláudio Marx como o chefe de uma organização criminosa com o objetivo de obstruir investigações ligadas à operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 20 dias para apresentar sua defesa contra as acusações da operação. Ocorre que o momento é propício para a imediata prisão do ex-presidente.
Com toda a imprensa internacional em solo brasileiro em busca de recordes e medalhas olímpicas, a notícia da prisão de Lula teria imediata repercussão mundial. Em contrapartida, com uma ampla rede de informação, Lula será o primeiro a saber da assinatura de seu próprio mandado de prisão e terá tempo suficiente para pedir asilo político a uma embaixada na capital do país, seja ela cubana, venezuelana ou mesmo italiana – cidadania que Dona Marisa Letícia Lula da Silva solicitou e obteve, em 2005, para ela e também para os filhos.
Marx destacou que o depoimento em delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral foi fundamental para apontar o ex-presidente como o chefe da empreitada para a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que não denunciasse o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso na Lava Jato desde 24 de novembro de 2015.
Lula está atento e tenso. A denúncia de Marx diz que a narrativa de Delcídio se demonstrou clara, plausível e, ainda corroborada pela existência das reuniões prévias que realizou com Lula antes de Bumlai passar a custear os valores destinados a comprar o silêncio de Cerveró. (Estadão)