Por: Mariza Tavares/ G1
Mês passado, escrevi uma coluna sobre os riscos que a menopausa traz para a saúde das mulheres. É verdade que elas são mais focadas em cuidar do próprio bem-estar e se preocupam com doenças crônicas graves como hipertensão, diabetes ou demência. No entanto, há questões que ainda são pouco discutidas nos consultórios e, entre elas, está a incontinência urinária. De acordo com pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, quase metade das mulheres acima dos 50 sofre com o problema, mas dois terços não falam sobre isso com seu médico. Será por vergonha de tratar do assunto com o clínico ou ginecologista? Ou talvez pela crença de que o desconforto faz parte do envelhecimento e não tem solução? Mais de mil mulheres, entre 50 e 80 anos, foram ouvidas – dessas, 43% na faixa entre os 50 e 60 relataram experiências de incontinência; acima dos 65, o percentual subia para 51%. Apenas 38% faziam exercícios para fortalecer os músculos da região pélvica.
A incontinência urinária já foi tema desse blog. Acima dos 65 anos, pelo menos 30% dos indivíduos apresentam esse quadro, que pode se tornar um transtorno social. A incontinência está associada a um esforço, como rir, tossir ou espirrar, quando a musculatura do assoalho pélvico não consegue reter a urina. Segundo o levantamento, a maioria das mulheres acabava apelando para protetores de calcinha ou roupas íntimas descartáveis, além de ingerir menos líquidos e até usar roupas escuras. Uma das conclusões do estudo é a necessidade de os médicos incluírem perguntas sobre incontinência quando conversam com suas pacientes. Para a uroginecologista Carolyn Swenson, que trabalhou na pesquisa, “a incontinência urinária é uma condição comum que pode estar sendo ignorada na rotina de cuidados primários, embora tenha um grande impacto na qualidade de vida da mulher. Normalmente é tratável e não deve ser considerada como inevitável no processo de envelhecimento”.
Entre as entrevistadas, 79% apontaram tossir e espirrar como os fatores mais comuns apontados para levar à perda involuntária de urina. Para 49%, a incontinência ocorria quando riam, enquanto 37% disseram que era quando se exercitavam. Um terço das mulheres relatou enfrentar o embaraço quase diariamente. “A última coisa que queremos é que as mulheres parem de fazer exercício ou de se divertir”, afirmou a médica e professora Preeti Malani, coordenadora do trabalho. Os exercícios de Kegel são indicados para a incontinência – através de sua contração e relaxamento, tonificam e fortalecem os músculos do assoalho pélvico – e também ajudam a melhorar o prazer sexual, porque aumentam a circulação sanguínea.