Por: G1
Não é a primeira vez que escrevo sobre as avós e seu papel na estrutura familiar. Há muitas sortudas que, como eu, podem acompanhar o crescimento dos netos, e sabemos como deixamos para trás a autoridade que nos guiou na maternidade. Resumidamente, viramos umas “bananas” dispostas a satisfazer todos os seus desejos! Agora, pela primeira vez, cientistas da Emory University, que está entre as 20 melhores nos EUA, escanearam os cérebros de avós enquanto elas viam fotos dos netos, como se fizessem um instantâneo neural desse elo geracional tão relevante.
“O que chama a atenção é a ativação de áreas do cérebro associadas com a empatia emocional”, afirmou James Rilling, professor de antropologia na instituição e coordenador do trabalho. “Isso significa que as avós são movidas pelos sentimentos dos netos: se sorriem, elas sentem a alegria das crianças; se choram, elas vivenciam sua dor e sofrimento”, acrescentou. Por outro lado, quando veem fotos dos filhos crescidos, a ativação se dá numa área do cérebro associada com a empatia cognitiva, o que indica que a emoção é substituída por um entendimento mais racional. Os laços são fortes, claro, mas com uma resposta emocional menos intensa.
Rilling disse que, embora os pais sejam vistos como os principais cuidadores ao lado das mães, isso nem sempre é verdade: “em muitos casos, as avós desempenham esse papel”. Sua afirmação vai ao encontro da “hipótese das avós” para a sobrevivência da humanidade, que já abordei em coluna anterior: depois da menopausa, ao deixar de ter seus próprios filhos e passando a ajudar a cuidar dos netos, elas tiveram papel fundamental para garantir a multiplicação dos humanos no planeta. A sociedade contemporânea apresenta outros desafios, mas a importância das avós não mudou: seu engajamento na vida de crianças e adolescentes está associado a diversos resultados positivos, que vão de melhores indicadores de saúde a sucesso acadêmico. A longevidade não é boa somente para os mais velhos.