Por: G1
O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou e ficou em 0,19% em novembro, o menor resultado para o mês desde 2003 (0,17%), segundo informou nesta sexta-feira (23) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de novembro ficou 0,39 ponto percentual abaixo da registrada em outubro (0,58%) e veio mais fraca que o esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,24% para o período.
Com a desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses recuou para 4,39%, voltando a ficar abaixo do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5% para 2018.
No acumulado de janeiro a novembro, a variação ficou em 4,03%.
Preço do tomate dispara 50%
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 4 registraram deflação: habitação (-0,13%), saúde e cuidados pessoais (-0,35%), comunicação (-0,02%) e educação (-0,01%).
O maior impacto no índice de novembro veio dos preços dos alimentos e bebidas, que registraram alta de 0,54%, respondendo por mais de dois terços do IPCA-15 de novembro. Entre os maiores aumentos, destaque para o tomate (50,76%) – maior impacto individual no índice do mês -, a batata-inglesa (17,97%) e a cebola (10,01%).
Veja as variações dos grupos pesquisados:
- Transportes: 0,31%
- Alimentação e bebidas: 0,54%
- Habitação: -0,13%
- Artigos de Residência: 0,59%
- Vestuário: 0,02%
- Saúde e cuidados pessoais: -0,35%
- Despesas pessoais: 0,38%
- Educação: -0,01%
- Comunicação: – 0,02%
Excesso de chuva faz preço do tomate disparar — Foto: Valdinei Malaguti/EPTV
Alívio nos preços de combustíveis e energia
O alívio nos preços de combustíveis e energia elétrica foram os principais responsáveis pela desaceleração da prévia da inflação oficial de novembro.
Os preços do grupo dos Transportes tiveram alta média de 0,31%, mas mostrou desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia subido 1,65%, principalmente por conta dos combustíveis, segundo o IBGE.
A gasolina subiu 0,05% em novembro, após ter disparado 4,57% em outubro, apontando que a queda dos preços nas refinarias ainda não chegou aos postos. No etanol, a alta foi de 3,32% (ante 6,02% em outubro). Já o preço do diesel avançou 1,38%, após subir 5,71% em outubro.
Também contribuiu para a desaceleração da inflação em novembro o item energia elétrica, que recuou 1,46%, favorecida pela mudança da bandeira tarifária, que passou de vermelha para amarela desde 1º novembro.
No item habitação, a maior contribuição foi do gás de botijão, que havia apresentado alta de 0,46% em outubro, e registrou queda de 0,37% no IPCA-15 de novembro.
Já no grupo Saúde e cuidados pessoais, a deflação foi resultado principalmente da queda dos preços dos produtos farmacêuticos (-0,28%) e de itens de higiene pessoal (-2,56%).
Regionalmente, todas as áreas pesquisadas apresentaram desaceleração da inflação em novembro. A maior alta foi verificada em Goiânia (0,42%) e, o menor resultado, na região metropolitana de Salvador (-0,03%).
Meta de inflação e taxa de juros
A previsão dos analistas para a inflação em 2018 caiu para 4,13%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. O percentual esperado pelo mercado continua abaixo da meta de inflação que o Banco Central precisa perseguir neste ano, que é de 4,5% e dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema – a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.
Já o governo federal revisou de 4,1% para 4,3% a projeção de inflação deste ano, segundo anunciou na véspera o Ministério do Planejamento.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 6,5% ao ano.
A expectativa no mercado é de que a taxa básica de juros, atualmente em 6,5%, não será elevada na reunião de dezembro do BC, que no ano que vem passará a ser comandado por Roberto Campos Neto, indicado pelo governo Bolsonaro para substituir Ilan Goldfajn.
Em 2017, a inflação oficial do país ficou em 2,95%, fechando pela primeira vez abaixo do piso da meta fixada pelo governo, que era de 3%.