A retirada de recursos superou as aplicações na caderneta de poupança em R$ 58,3 bilhões de janeiro a novembro deste ano, informou o Banco Central. Somente em novembro, a saída de recursos da poupança, ainda de acordo com dados oficiais, somou R$ 1,3 bilhão.
Esta é a maior retirada líquida de valores dessa modalidade de investimento para os 11 primeiros meses de um ano desde o início da série histórica do BC, em 1995, e também o pior resultado para meses de novembro desde então.
Em 2015, novembro representou o 11º mês seguido de captação líquida negativa (saques maiores que depósitos) neste tipo de aplicação financeira. No mês anterior, as retiradas haviam superado as aplicações em patamar ainda maior, de R$ 3,26 bilhões.
Com a forte saída de valores da poupança no acumulado deste ano, o volume total de recursos aplicados na caderneta recuou. No fim do ano passado, o estoque de recursos na poupança totalizava R$ 662,7 bilhões, passando para R$ 647,6 bilhões em novembro.
A saída de recursos da poupança acontece em um momento de crise econômica e recessão, com alta de tributos, do desemprego, da inflação e do endividamento das famílias.
Menos recursos para a casa própria
A queda do volume de recursos aplicado na caderneta de poupança também está impactando os financiamentos imobiliários, uma vez que a modalidade é fonte de recursos para a casa própria. Pelas regras, os bancos precisam destinar 65% dos saldos da poupança para o crédito imobiliário.
Rentabilidade baixa
Para completar o quadro, a poupança tem perdido atratividade frente a outros investimentos. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).
Com a taxa básica de juros da economia atualmente em 14,25% ao ano, a caderneta de poupança perde para os fundos de renda fixa na maior parte das situações, segundo estimativas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Segundo economistas, o momento também é bom para investir no Tesouro Direto – programa criado em janeiro de 2002, os investidores pessoa física podem comprar títulos públicos pela internet, por meio de um banco ou corretora, sem precisar aplicar em um fundo de investimentos. O Tesouro Direto, inclusive, tem batido vários recordes neste ano.
Fundo de reserva
Especialistas avaliam que a caderneta de poupança, apesar da perda de rendimento com o processo de alta dos juros, ainda pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos.
Pode ser uma boa alternativa, por exemplo, para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou que procuram formar um “fundo de reserva” para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.
Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do imposto de renda e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.Fonte G1