Por: EL País
Vinte dias depois de perder as eleições, o presidente Trump deu sinal verde a sua Administração para proceder com a transição de poder. Não reconheceu sua derrota. Mas depois que a Administração de Serviços Gerais (GSA na sigla em inglês) afirmar que Joe Biden é o “vencedor aparente” das eleições, abrindo caminho à sucessão, o presidente seguiu o conselho dos assessores que lhe pediam que o fizesse antes do dia de Ação de Graças (26 de novembro) e recomendou a sua equipe, pelo Twitter, que faça “o necessário” em relação “aos protocolos iniciais”.
“Nossa causa continua com força, continuaremos lutando, e acho que prevaleceremos. Mas no interesse de nosso país recomendo que Emily [Murphy, administradora da GSA] e sua equipe façam o que se tem de fazer em relação aos protocolos iniciais, e disse a minha equipe que faça o mesmo”, tuitou o presidente na tarde de segunda-feira.
A GSA, através de sua administradora, Emily Murphy, enviou uma carta à equipe do presidente eleito Joe Biden em que anuncia que estão prontos para iniciar o processo formal de transição presidencial. “Levo a sério este papel e, pelos acontecimentos recentes relacionados a desafios legais e certificação de resultados eleitorais, transmito esta carta hoje para que vocês tenham esses recursos e serviços”, escreveu Murphy na carta, de uma página.
A carta foi enviada após o Estado de Michigan certificar a vitória de Biden nesse Estado, onde o democrata ganhou por 155.000 votos. Rudy Giuliani, à frente da equipe legal do presidente Trump, está há duas semanas enchendo a cabeça do presidente com teorias conspiratórias sobre supostas fraudes maciças, e dizendo-lhe que seus assessores estão mentindo. Mas a influência de Giuliani diminuiu pela contundente, se não humilhante, recente derrota judicial na Pensilvânia, seguida da certificação de sua derrota em Michigan, onde o presidente centrou sua fracassada ofensiva destinada a fazer com que os legisladores estaduais não seguissem o voto da população e enviassem ao colégio eleitoral partidários de Trump.
Murphy afirma em sua carta que não recebeu nenhuma “pressão direta ou indireta” por parte do Executivo para atrasar sua decisão, mas que recebeu “ameaças” para tentar obrigá-la a tomar sua decisão “de maneira prematura”. Em seus tuites, o presidente Trump também se refere a “ameaças e abusos” como justificativa de sua decisão de dar sinal verde ao processo.
A certificação da vitória de Biden em Michigan se soma a uma série de derrotas sofridas por Trump e sua equipe em sua cruzada para reverter o resultado de eleições que o republicano perdeu por uma margem de seis milhões de votos e uma vantagem de 74 votos no colégio eleitoral. Trump pretendia atrasar o processo de certificação do resultado neste Estado, que dá 16 votos no colégio eleitoral. Na véspera, na Pensilvânia, a sentença da Justiça foi contra a campanha republicana que acusava os democratas de fraude.
Nos últimos dias aumentou muito a pressão sobre Trump para que a transição de poder, um processo regulamentado por lei que permite à Administração que chega se reunir com a que sai, conhecer os assuntos importantes e até contar com meios materiais para fazê-lo. Senadores e outras figuras do Partido Republicano, especialistas em segurança nacional e mais de 160 líderes empresariais pediram ao presidente que pare de bloquear um processo destinado a evitar sobressaltos na mudança de uma Administração à outra.