Como enfrentar um Natal tão diferente dos outros

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Natal de 2020: afeto pode ser o antídoto para superar os desafios de encarar a data sem a família — Foto: Jill Wellington para Pixabay

Por: Por Mariza Tavares – G1

Um Natal diferente de todos os outros. A expressão se consagrou e seu impacto foi medido numa pesquisa realizada no Reino Unido e divulgada no começo do mês. De acordo com reportagem do jornal “The Guardian”, o número de britânicos sozinhos na noite de hoje será o dobro do habitual por causa da Covid-19. Somente 23% dos adultos afirmaram que iriam passar a data com os pais e, no grupo acima dos 65 anos, 1.7 milhão estarão sós. No Brasil, segundo o Datafolha, 74% dizem que não pretendem confraternizar com pessoas que não vivam na mesma casa. As pequenas reuniões familiares parecem (assim espero) ter se tornado a opção da maioria. A solidão é como uma segunda camada maléfica da pandemia, que vem deixando cicatrizes em jovens e velhos. Até em quem não ficou doente, nem perdeu um ente querido para o vírus.

Pesquisadores da Universidade de McGill, no Canadá, divulgaram, no meio do mês, um estudo mostrando a “assinatura” neurobiológica que a solidão deposita no cérebro. Foram analisadas cerca de 40 mil ressonâncias magnéticas de indivíduos de meia-idade e idosos, comparando os exames daqueles que se declaravam solitários com os dos que diziam não sofrer do problema. Os que viviam em isolamento apresentavam manifestações nas chamadas “default networks”, regiões cerebrais voltadas para reminiscências e formulação de hipóteses sobre o presente e o futuro, o que poderia ser um indicador de um mecanismo de superação da falta de convívio. É uma questão de saúde pública, porque aumenta o risco de doença coronariana e declínio cognitivo – só que o clima de festa não nos deixava prestar a devida atenção.

Natal de 2020: afeto pode ser o antídoto para superar os desafios de encarar a data sem a família   — Foto: Jill Wellington para Pixabay

Natal de 2020: afeto pode ser o antídoto para superar os desafios de encarar a data sem a família — Foto: Jill Wellington para Pixabay

Os que têm acesso à tecnologia lançarão mão de redes sociais, chamadas de vídeo, reuniões on-line. Haverá calor humano mesmo à distância, e muitos votos para que, no ano que vem, estejam todos vivos e juntos. Mas há o sem tecnologia. Os sem filhos, parentes, amigos. Boa parte dessa “legião sem-sem” é composta de idosos. Por isso qualquer manifestação de carinho vai contar. Pensou em alguém? Um telefonema vai fazer diferença. Quem está longe de filhos, netos e familiares, não se deixe abater. Cerque-se de fotos e vídeos, reviva esses anos de convivência que trouxeram tanta alegria e tenha paciência, porque virão outros. Vai ser o equivalente a abrir presentes – neste caso, caixinhas repletas de boas memórias para recarregar as baterias e ter forças para seguir em frente. Afeto pode ser o antídoto para enfrentar um Natal tão diferente.

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