Festa de São João celebra, também, a agricultura nordestina

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Os sapatos manchados de terra e o friozinho com neblina nem de longe desanimam quem pega o caminho da roça nesta época para celebrar a maior festa do nordeste brasileiro. É São João.

Seja noite estrelada no sertão, ou céu nublado no litoral, o cheirinho das comidas típicas se espalha por todos os cantos. Alimenta, acolhe e aconchega. Os sabores servem de convite para se sentar ao redor da fogueira, travar uma boa prosa, desfrutar o inverno, rever família e amigos.
As festas juninas são uma forma de renovar a vida, mas, sobretudo, uma maneira de exaltar a diversidade da agricultura brasileira. É o trabalho do homem do campo que preenche a mesa durante os festejos.

Mandioca

A mandioca reina soberana. Desde os tempos pré-coloniais é o ingrediente básico que dá forma à farinha, beijus, gomas, polvilhos, bolos. É Herança indígena que sobrevive por séculos no miscigenado cardápio brasileiro. Nestes trópicos, ela é fonte de renda para milhares de pequenos produtores rurais.

Este ano estima-se que sairão das lavouras baianas 1,8 milhão de toneladas de mandioca. Se a mandioca é a rainha, o milho é o rei das mesas juninas e está presente em quase todas as receitas típicas: bolos, canjicas, munguzás, pamonhas, broas, ou simplesmente in natura, cozido ou assado. Espera-se que não falte espigas este ano nas feiras e mercados, afinal, o último Levantamento da Produção Agrícola do IBGE indica que os agricultores baianos produzirão 6,4% a mais de milho este ano em relação ao ano passado. Serão 1,6 milhão de toneladas do cereal na primeira safra.

Muitos produtores rurais cultivam milho para fornecer às agroindústrias fabricantes de biodiesel, ração, farelo e derivados. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, 75% do milho produzido no Brasil tem como destino a alimentação animal, principalmente de aves e suínos; 8% vai para pecuária e indústria de sementes.

Mas há quem plante apenas para abastecer a farta mesa junina. É o caso de muitos agricultores baianos.

Amendoim

O amendoim não exibe a mesma “majestade” dos outros ingredientes, mas sempre é um convidado de honra da festa e se impõe com um preço ilustre neste período. Segundo o IBGE, os agricultores da Bahia devem produzir 111,8% mais amendoim do que no ano passado.

Jenipapo

A ceia das festas de Santo Antônio, São João e São Pedro também tem sua bebida títpica. De sabor e fragrância marcantes, o jenipapo se destaca como ingrediente principal do mais procurado licor da época, ou de sucos e doces típicos. Uma das versões mais populares é o jenipapo em forma de bala cristalizada, aquela bolinha de jenipapo com açúcar que desmancha na boca, e costumar agradar crianças e adultos.

O jenipapo era usado antigamente pelos índios como tintura para o corpo ou para decorar cerâmica e palha. Ainda na fase de maturação, ele solta um sumo de cor roxo-azulado que gruda facilmente. Não por acaso o nome vem do tupi-guarani e quer dizer “fruta que mancha”.Correio

 

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